domingo, 23 de novembro de 2008

Poesia nunca morre

Texto de lorena silva do blog lugar de leveza A poesia morreu, mas esqueceram de avisar o poeta. Todos os dias ele continuava a versar, a rimar. Sempre com sua folha de papel e caneta. Apesar de todo o aparato tecnológico daqueles tempos. Era o único a possuir livros, muito raros naquele tempo de muita correria e tecnologia. Tudo era lido nos smartphones, palmtops, laptops e outras coisas que ele nem sabia o nome. Havia em outra época publicado um livro de poemas e contos, mas nada vendeu porque ninguém já nem ligava pros escritos de ninguém. A língua estava mudada, os diálogos com palavras cada vez mais reduzidas e incompreensíveis. Ficava horas escutando conversas na rua sem entender nada. Não via mais arte. Não haviam exposições, ou shows. Aqui ou acolá os jovens se reuniam em um ambiente escuro, fumacento e começavam a chacoalhar-se ao som de barulhos estridentes. Não via ninguém mais olhar o pôr-do-sol. Todos trabalhavam até tarde e a atmosfera estava cada vez mais carregada. No fim de semana não havia mais praia, caranguejo. Só ele não via que a poesia morrera, que a poesia de cada dia, do amanhecer e das flores a florescer. A poesia do jogo de bola na rua, a poesia da lua cheia. E ele continuava a rimar, lembrava de um tempo distante. E riscava na folha: Poesia nuca morre Enquanto bater um coração A poesia é troço forte Traz alvoroço e mansidão A tecnologia tudo engole Tragou os livros e os cantores Mas sempre haverá um poeta A falar de dores e amores

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