quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Hora da poesia

TESTAMENTO - Manuel Bandeira O que não tenho e desejo É que melhor me enriquece. Tive uns dinheiros — perdi-os… Tive amores — esqueci-os. Mas no maior desespero Rezei: ganhei essa prece. Vi terras da minha terra. Por outras terras andei. Mas o que ficou marcado No meu olhar fatigado, Foram terras que inventei. Gosto muito de crianças: Não tive um filho de meu. Um filho!… Não foi de jeito… Mas trago dentro do peito Meu filho que não nasceu. Criou-me, desde eu menino, Para arquiteto meu pai. Foi-se-me um dia a saúde… Fiz-me arquiteto? Não pude! Sou poeta menor, perdoai! Não faço versos de guerra. Não faço porque não sei. Mas num torpedo-suicida Darei de bom grado a vida Na luta em que não lutei!

Um comentário:

L ! disse...

Coisa mais linda do mundo, é aPoesia por si.

[ Sou suspeita pra dizer, pq escrevo uns versos tortos! ]

...hehehe...

' Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!… Não foi de jeito…
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu. '

Igualmente minha grande e tão admirável diva... Clarice Lispector.

Sabe-se lá por qual razão, não tivera um filho.
Mas trazia em si um divino espírito materno.

Parabéns!

[ Mto Manoel Bandeira, à todos! ]

=***

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